domingo, 8 de junho de 2008

A Luta Continua, Companheiro!!

A luta pela cidadania de Plutão, uma bandeira antiga deste Meta-Blog, fortaleceu-se recentemente, com a publicação do artigo "The planet debate continues", de Mark Sykes, publicado na edição de março da Science. E, como noticia a Revista da Fapesp:

"O assunto promete esquentar ainda mais nos próximos meses. Em agosto, uma reunião que contará com a presença de astrônomos, professores e até mesmo de estudantes, será realizada na Universidade Johns Hopkins.

Intitulado “The Great Planet Debate: Science as Process”, o encontro pretende discutir a decisão da União Astronômica Universal e, eventualmente, sugerir nova definição de planeta a ser apresentada em futura reunião da entidade. Enquanto isso, Plutão continua sendo apenas um anão, apesar dos protestos de cientistas e estudantes. "


O artigo do Prof. Sykes, diretor do Instituto de Ciência Planetária dos EUA, está acessível apenas para assinantes. Mas um artigo na Scientific American de abril resume toda a discussão com qualidade e precisão. No mínimo dois pontos merecem ser destacados:

(i) essa discussão toda não é inócua ou excêntrica. A nova definição de planeta decidida na UAI, que derrubou o status de Plutão, veio substituir um antigo conceito que, se mantido, incorporaria outros corpos celestes, elevando o número de planetas do nosso Sistema Solar para 12. Um número que tende a crescer, à medida que se estude mais a periferia do nosso Sol. Uma definição mais abrangente de planeta pode ser um complicador também para aqueles que pesquisam outros sistemas de outras estrelas, os exo-planetas: sem uma limitação mais estreita, o número de corpos celestes assim classificáveis pode ser incontável. Quer dizer, em se tratando de Astronomia seria incontável de qualquer jeito, ou não? E tudo isso tem muito a ver com quais projetos e pesquisadores receberão mais verbas para pesquisa, of course.

(ii) uma decisão científica "votada" numa Conferência é um duro golpe nas Ciências que se pretendem puras ou exatas ou algo assim. Ou se tem um paradigma hegemônico, que se consolida por meio do debate e do convencimento entre os pares - e, vá lá, do método científico rigoroso - ou, então, que diferença faz? Há diversas teorias para um mesmo fenômeno, junta-se os lobbies e as bancadas de cada uma e vota-se?

De minha parte, estou nessa luta porque continuo achando que a decisão de rebaixar Plutão é xenofóbica e preconceituosa, "... motivada pelo medo do DIFERENTE - sua órbita não se encaixa nos padrões; pelo medo do que está na PERIFERIA; e pelo desprezo aos MENORES e aos CARENTES - Plutão não tem posses, digo satélites. O ocorrido se torna ainda mais revoltante porque por meio dele fecham-se também as possibilidades de INCLUSÃO soberana e cidadã de outros corpos celestes, como Xena e Caronte."


E nós brasileiros seremos fundamentais na resolução desta peleja! A próxima Conferência da União Astronômica Internacional (UAI, em português, IAU, em inglês, escolha à vontade) será no Rio de Janeiro, em agosto do ano que vem. A sociedade organizada, a voz rouca das ruas, todos estaremos lá para pressionar esses cientistas.

E que o próximo prefeito do Rio de Janeiro perceba a oportunidade histórica de dar show na organização desse evento como mais um passo rumo à Olímpiada!! Os holofotes estarão todos no Rio!!!

Axé.

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