domingo, 31 de outubro de 2010

O Botafogo será Campeão Brasileiro em 2010!! Quem me disse? Diego Tardelli...


Botafogo campeão carioca de 1989


Uma das minhas frases feitas prediletas - que repito invariavelmente quase todos os dias, pois quase todos os dias ela se faz necessária em alguma discussão, é a seguinte:

"O Botafogo me ensinou uma coisa, desde que era pirralho: no fundo do poço, sempre há um alçapão."

Ou seja, nada me surpreende.

Em 1989, o Botafogo percorria o seu 21o. ano sem títulos. Mas o jejum terminaria naquele ano, de modo que foram 20 anos sem títulos - e não 21, ora essa. Nascido em 1974, não tinha visto ainda o Botafogo ser campeão.

Verdade seja dita, demorei a gostar de futebol. Os primeiros jogos com que vibrei foram os da Seleção nas eliminatórias da Copa de 1986, onde Renato Gaucho e Casagrande demoliam quem passasse pela sua frente - sempre com a narração genial de Silvio Luiz.

No meio campo pouco empolgante, dois jogadores raçudos seguravam as pontas - o botafoguense Alemão e o atleticano Elzo. Depois, na Copa de 86 propriamente dita, Josimar surgiu para fazer história e depois novamente voltar a sua vida discreta no Botafogo. Outros craques desses difíceis meados dos anos 80 foram Helinho, Berg, e Carlos Magno. E muitos anos antes de Castillo, houve outro goleiro da seleção uruguaia, o Alvez - que não fez grandes coisas no Botafogo mas daria um título de Copa America ao Uruguai em 1995 - pegando um penalty batido por Tulio Maravilha...

Era difícil a vida de alvinegro naquela época - sim, jovem gafanhoto padawan alvinegro, vc se acha sofredor com os vices cariocas, com a passagem purificadora pela Honrada Segundona, veja bem...

O Flamengo tivera o seu melhor time de todos os tempos, campeão brasileiro e mundial no inicio dos 80. E fora novamente campeao brasileiro em 1987, com um time que mesclava "velhos" craques - Zico, Andrade, Leandro - com os "jovens" - Jorginho, Bebeto e Leonardo. E com o Renato Gaúcho em sua melhor forma.

O Tricolor tinha o Casal 20 - Washington e Assis -, o paraguaio Romerito, Ricardo Gomes na zaga, o jovem - e magro - Branco, e mais o goleiro Paulo Vítor.

O Vasco tinha Roberto Dinamite, Romario, Geovani, além de Acácio, Mauricinho e do futuro craque da Parmalat, o tetracampeao Mazinho.

(Acácio, aliás, foi durante anos preparador de goleiros no Botafogo, e tem tudo a ver com a bela geração de goleiros que o Botafogo hoje ostenta, com Jefferson na seleçao e Renan, Milton e Luiz Guilherme acostumados a defender a amarelinha nas seleções de base)

Até mesmo o Bangu chamava mais a atenção. Vice-Campeão brasileiro em 1985, tinha bons jogadores como Marinho, Fernando Macaé, Paulinho Criciúma, Ado e o goleiro Gilmar.

Empolgado com o vice-campeonato e com a disputa na Libertadores, o bicheiro Castor de Andrade, manda-chuva eterno do Bangu, trouxe dois craques de nível de seleção para o time: o zagueiro Mauro Galvão, ídolo no Inter, e o meio-campista Neto - que faria historia no Corintias anos depois.

O que isso tem a ver com o Botafogo? Tudo ué!

A campanha do Bangu na Libertadores foi desastrosa. E o surgimento do Clube dos Treze tirou Bangu e América da primeira divisão do Brasileirão em 1987. Não havia como manter o elenco.

Foi então que outro bicheiro, Emil Pinheiro, então manda-chuva no Fogão, levou meio time do Bangu para Marechal Hermes - sim, na época o Botafogo não habitava em General Severiano. Mauro Galvão, Marinho e Paulinho Criciúma chegaram pra defender o Botafogo em 1988.

(Logo depois, Marinho sofreria uma tragédia que praticamente o tirou dos gramados)

A campanha do Botafogo naquele brasileiro foi mediana - ficaria em nono lugar. Mas no 1o. de dezembro de 1988, uma menina gandula com nome de guerreira bárbara chorou ao assistir a mais uma derrota do Botafogo.


Jornal Extra - RJ

E a partir daí o time não perdeu mais.

E atravessaria o primeiro semestre de 1989 sem perder, chegando invicto à final do Carioca. Invicto, mas também sem vencer nenhum clássico. O que não dava lá tanta segurança.

E então uma rediviva camisa 7, vestida pelo Mauricio, fez o gol que encerraria o jejum. Com um discretíssimo empurrão no Leonardo, deveras.



Mas, pra mim, o momento em que achei que dava pra ganhar aquele carioca aconteceu rodadas antes.

O temível Americano de Campos era ainda mais temível naqueles tempos. Jogava lá um atacante chamado Amarildo que era carne-de-pescoço (e adorava fazer gol nos tais "times grandes").

Umas rodadas antes das finais, o Botafogo foi a Campos enfrentar o Americano. Não me lembro sequer se esse jogo terminou zero a zero, ou se o Botafogo ganhou...

Só o que eu me lembro é que lá pelos 30 do segundo tempo o tal do Amarildo arrancou num contra ataque, invadiu a grande área sozinho e mandou o sarrafo - que explodiu no travessão.

O tipo de sorte de campeão que não costuma acontecer com times como o Botafogo.

Pois então.

Estava satisfeito, torcendo pela vaga no G-4, que levaria o Botafogo a uma Libertadores. Mas depois desse lance de Diego Tardelli - aos 5:09 do vídeo - passei a acreditar no título.

Afinal, quem foi que disse que a profecia dos Trapalhões dizia respeito apenas ao Carioca...



Axé!